Há algo de cíclico no mundo do marketing digital. Toda vez que uma nova tecnologia desponta, ressurge o mesmo coro: "o SEO morreu". A bola da vez são as inteligências artificiais generativas — e com elas, a profecia do fim do SEO foi entoada mais uma vez, agora com um novo figurino: GEO, AIO, LLMSEO, AI Overviews e tudo o mais que puder ser transformado em acrônimo vendável. Mas o SEO não morreu. Ele apenas se transformou — como sempre fez. E, mais do que nunca, exige estrutura, inteligência editorial, base técnica sólida e clareza de propósito. SEO não é buzzword, é base Em 2025, o SEO se tornou quase um guarda-chuva de siglas: GEO: Generative Engine Optimization, o SEO pensado para respostas por IA. AEO: Answer Engine Optimization, o SEO para FAQs, snippets e resumos. AIO: AI Optimization, adaptação de conteúdo para interagir com LLMs como Gemini e ChatGPT. LLMSEO: o SEO orientado para treinar modelos de linguagem e ser citado por eles. AcrônimoSignificadoFocoGEOGenerative Engine OptimizationRespostas de IAAEOAnswer Engine OptimizationSnippets e FAQsAIOAI OptimizationIA como interfaceLLMSEOSEO para LLMsTreinamento e citação Aparentemente, cada nova feature do Google ou ferramenta de IA cria sua própria “nova disciplina”. Mas no fundo, tudo se resume à mesma essência: estruturar a informação da melhor forma possível para que ela seja compreendida, indexada, citada e valorizada — seja por humanos, seja por máquinas. Não importa se a resposta será exibida em uma AI Overview, em um box de snippet, numa posição zero ou em um carrossel. O conteúdo que aparece é sempre aquele que foi bem feito. Com semântica, com técnica, com propósito. Virou até chacota em uma apresentação recente que fizemos para um grande portal de notícias, a Forbes Quem tenta inventar uma nova roda, muitas vezes, só está maquiando o básico que nunca foi feito. Se antes otimizávamos para ranquear em uma lista de links, agora otimizamos para ser citados como fontes em resumos automatizados, caixas de resposta, overviews e assistentes de IA. Esse novo cenário ganhou vários nomes... uma tentativa de rotular a prática de escrever pensando nos mecanismos de resposta automática, e não apenas no ranqueamento tradicional. Mas vamos ser francos: GEO, AIO, AEO, LLMSEO nada mais é do que SEO bem feito para um novo contexto. Bots são todos bots, são máquinas, que buscam informações, contextos, estruturas… César Canteiro — e nada disso é novo para quem sempre levou SEO a sério. O paradoxo da nova SERP: visibilidade sem clique Desde abril de 2025, cerca de 90% das buscas no Google no Brasil já exibem AI Overviews — respostas geradas por IA que ocupam o topo da página e sintetizam a informação sem necessidade de clique. Resultado? O tráfego orgânico cai, mas a visibilidade explode. Estamos diante de uma era em que o usuário consome conteúdo sem acessar o site. A verdade é que a galera ainda não se acostumou com menos cliques e mais impressões... o SEO mudou de fato: virou exposição de marca, autoridade... mesmo com a queda, as conversões crescem... Essa mudança exige que repensemos métricas, formatos e estratégias. Como afirmou Martin Splitt, do time do Googlebot: Os cliques podem diminuir, mas a conversão acontece mais adiante na jornada — mesmo sem um clique. E os cliques que ainda chegam são os de maior potencial de conversão. Completo O desafio, portanto, não é mais gerar cliques a qualquer custo, mas construir autoridade para ser citado pelas máquinas e lembrado pelas pessoas. A briga dos publishers e a ameaça da invisibilidade Enquanto a visibilidade cresce, o controle sobre ela escapa. Publishers do mundo todo vivem um paradoxo cruel: Seus conteúdos são usados por IAs para montar respostas Suas marcas ganham alcance Mas os cliques e a receita publicitária desaparecem E o pior: todo esse scrapping por parte dos bots das AIs, sem remuneração, sem autorização formal e muitas vezes sem citação da fonte. Quem vai pagar pela informação que treina, abastece e sustenta a IA? Na Europa, esse dilema virou política pública. A Diretiva de Direitos Autorais da UE exige que plataformas negociem remuneração com veículos jornalísticos. França e Alemanha já implementaram taxas e modelos de compensação — mas o movimento ainda engatinha no resto do mundo. A Cloudflare declarou guerra aos rastreadores de IA Em 1º de julho de 2025, a Cloudflare — maior CDN do planeta — bloqueou por padrão todos os rastreadores de IA em sites novos. Inclusive, vale clicar no banner acima e entender mais sobre o pay per crawl da Cloudflare Foi o início de um movimento chamado internamente de “O Dia da Independência do Conteúdo”. A partir de agora, quem quiser permitir que LLMs acessem seu site precisa ativar isso manualmente. A inversão do padrão expõe uma tensão crescente: se as IAs querem consumir o conteúdo alheio, vão precisar pedir licença. O debate está só começando — mas a pressão por regulação e remuneração é irreversível. Cuidado com os falsos profetas No vácuo dessa transição, floresce um novo perfil de guru digital: aquele que transforma hype em fórmula mágica. Prometem vencer a IA com prompts secretos, "técnicas ocultas" e scripts milagrosos. Mas ignoram o óbvio: não existe atalho para ser referência. Sátira de um careca renomado no mercado que vem vendendo ideias mirabolante a anos Falso Profeta dizRealidade do SEO“Use esse prompt mágico e ranqueie”Estrutura semântica e autoridade“Você não precisa mais de conteúdos densos e estruturados”IA só cita quem tem conteúdo forte“SEO morreu”SEO virou base da IA SEO continua sendo sobre: Estrutura semântica (HTML limpo, heading tags corretas, linkagem inteligente) Conteúdo útil, profundo e confiável Presença técnica irrepreensível Experiência do usuário e consistência editorial Como disse Ryan Jones, VP de SEO da Razorfish: Não se trata mais da consulta em si. Trata-se da relevância semântica em relação ao tema. Ryan Jones Mais presença, menos dependência Marcas inteligentes estão aprendendo a viver além do clique. Investem em canais proprietários como newsletters com matérias completas, conteúdos nativos no WhatsApp, relatórios exclusivos e produtos editoriais com valor real. O objetivo não é mais atrair para o site a qualquer custo — mas servir melhor a audiência onde ela já está. E uma coisa é verdade... O swell de Nazaré com ondas perfeitas de tráfego orgânico parece ter seus dias contados. O conteúdo que aparece é o que merece Seja para humanos ou IAs, o conteúdo que se destaca é aquele: Bem estruturado, quando longos possuem sumário (TOC) e subtítulos hierarquizados Que usa listas, tabelas, blocos de citação e elementos visuais bem otimizados Com heading tags corretas (sem negrito fake em lugar de <h2>) Com negritos estratégicos nos primeiros parágrafos usando <strong> (e não só para estética) Com imagens leves, bem nomeadas e com alt text consistente Com linkagem interna consciente e construção semântica densa E o melhor? Tudo isso está ao seu alcance, nos editores de conteúdos como o do WordPress. Só precisa ser feito com intenção. Fazer SEO como nunca… do mesmo jeito de sempre O SEO moderno não exige truques — exige excelência. A IA não cria autoridade: ela replica, interpreta e cita quem já tem. Se o seu conteúdo é confiável, bem escrito, escaneável e referenciado, você não precisa implorar para ser citado. Você será. O que era tático virou estrutural. O que era otimização virou posicionamento de marca. O que era “post de blog” virou fonte da verdade para sistemas que respondem perguntas. A nova era do SEO não é feita de truques, nem de gurus. É feita de quem entrega valor real, com técnica e consistência. Por isso, antes de pensar em GEO ou AIO, pense em fazer o dever de casa.